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Madeira e Instrumentos musicais: Jacarandá poderá voltar aos instrumentos

Em janeiro, na reunião da Coalizão Internacional da Música (ICM) envolvendo as principais associações de música do globo, discutiu a proposta de isentar o jacarandá usado na fabricação de instrumentos dos controles regulatórios da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção). Se adotado, isso teria um enorme impacto sobre os fabricantes de guitarra e violão em todo o mundo.

No Brasil, a ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música – está responsável pelo diálogo junto ao departamento do CITES no IBAMA. “Diferente dos demais países do norte, a America do Sul tem uma grande extração ilegal de madeira. Estamos estreito contato com IBAMA para que qualquer medida não impacte na produção de instrumentos, nem prejudique a flora e fauna.”, explica Daniel Neves, presidente da ANAFIMA. 

De acordo a presidência da ANAFIMA, a associação apresentou algumas emendas para que as propostas elaboradas pela comissão da CITES na CAFIM (Associação dos Fabricantes de Instrumentos Musicais da Europa) estejam de acordo com as necessidades do Brasil, Argentina e demais países da América do Sul. 

Em maio de 2019, o conselho do CITES se reunirá no Sri Lanka para discutir os regulamentos que regem o uso do jacarandá, a responsável pelo CITES no IBAMA estará presente. 

A indústria de instrumentos de corda tem tentado pressionar por mudanças nas restrições existentes ao jacarandá na fabricação de instrumentos. Eles argumentam que os instrumentos musicais nunca foram realmente o alvo pretendido para a decisão da CITES, e que as restrições ao jacarandá eram predominantemente destinadas a impedir a extração ilegal de madeira na indústria moveleira.

International Coalition Meeting 

Sempre um dia antes do show do NAMM Show, uma Reunião da Coalizão Internacional de partes interessadas como órgãos de comércio da indústria da música se reúne para discutir as questões do mercado.

International Coalition Music
Reunião da Coalizão Internacional: lideres mundiais da indústria da música reunidos

Em 2019, o foco da reunião estava nas regras do jacarandá/rosewood na CITES.  A discussão incluiu a adoção de isenções do CITES para instrumentos musicais acabados, peças de instrumentos musicais acabados e acessórios musicais acabados contendo jacarandá.

A maioria das alterações propostas faz sentido e terá implicações práticas para muitos músicos. Atualmente, há muitos proprietários e compradores de instrumentos confusos que não sabem ao certo como viajar com seus instrumentos para além das fronteiras internacionais. 

Grande parte da indústria da guitarra, entretanto, voltou-se para a pau ferro ou outras madeiras alternativas para a construção de guitarras/violões, que tiveram reações mistas dos consumidores. 

“Também temos dialogado com o IBAMA na busca de soluções alternativas para o uso de madeira como o jacarandá”, comenta Daniel Neves. “Apesar da indústria de instrumentos musicais não ser responsável pelo impacto dramático na devastação das florestas, entendemos que o bom senso deve imperar”

Por hora, há uma esperança da possibilidade do uso do jacarandá ser permitido sem restrição para os instrumentos musicais. Noticiaremos em breve. 

Comments(3)

  1. Reply
    Roni Ronay says:

    Minha opinião é que o setor da música perderá uma grande oportunidade pra fazer frente a sustentabilidade, retrocedendo.
    Optar por madeiras alternativas, sustentáveis e utilizar espécies CITES somente em conformidade com regras das convenções.
    Nós desenvolvemos inúmeros produtos com características estéticas e mecânicas, trabalhabilidade e acústicas, que em testes nos US foram superiores a quase todos jacarandás do mundo.
    Temos potencial para fornecer escalas para mais de 1 milhão de guitarras por ano e até o momento nosso negócio, ainda não viabilizou.
    Acreditamos que o principal motivo é devido facilidade que ainda existe em se transacionar produtos ilegais ou em desconformidade com a CITES.
    Penso também que o momento é oportuno pra cobrar das autoridades CITES, que se modernize, sejam mais atuantes e mais ágeis nos atendimentos, tanto nas apreciações dos requerimentos como nas emissões das respectivas licenças. Para que as empresas que estejam determinadas a atuarem em conformidade com a com as regras, não sejam tão penalizadas como estão sendo atualmente. Falo isso não só pra o Brasil, é geral! Nos US, já esperamos 8 meses para um licença de reexportação. Isto com nossa documentação 100% correto, sem detalhe.

  2. Reply
    Alex Vitor Miranda says:

    O fato é que vivemos uma era onde a sustentabilidade, o envolvimento com ações positivas em relação ao meio ambiente é crucial para a sobrevivência de Empresas e, claro de nossos descendentes. É preciso sim formentamos a utilização de madeiras alternativas que cumpram os requisitos de trabalhos de, estética e acústica e que não estejam em anexo da CITEs. Como se sabe há todo um plano de recuperação da espécie para que no futuro possa ser viável a utilização da mesma. Devemos pensar no futuro. O assunto foi.eagotado em suas possibilidades. A pequena participação de consumo na indústria de instrumentos musicais não justifica a brecha que irá se abrir com tais novas regulamentações. É sabido que no nosso País o Jacarandá aí da é abatido e utizado de forma irregular. Basta ver inúmeros anúncios em redes sociais. É preciso endurecer agora para que nossos descendentes possam usufruir deste material. O que existe em circulação regulamentado é o suficiente para passarmos por esse período de transição e renovação dessa espécie. Vejam o que aconteceu com o Mogno. Depois de 20 anos é possível novas áreas de manejo hoje. Já existe alternativas viáveis e eficazes para a substituição do Jacarandá na indústria musical. Utilizemos dessa e cumpramos o nosso papel com as futuras gerações.

  3. Reply
    Luiz Marcello says:

    Favor desconsiderar comentário anterior por erro, abaixo segue comentário integral.Obrigado

    Sem dúvida, é importantíssimo preservar nossos recursos naturais para que a bio-diversidade se recupere da devastação por nós causada,mas não podemos ignorar a situação ,dos Luthiers,ao redor do mundo e principalmente no Brasil dos materiais utilizados a séculos ,como o famoso jacarandá .Nao quero defender uma liberação geral, é preciso haver regras claras,objetivas e não sujeita a arbitrariedades de autoridades sem o menor preparo e conhecimento a respeito do assunto.Quantos casos conhecidos de instrumentos confiscados que foram fabricados a dezenas ou mais anos ,antes mesmo, da regulamentação da Cities,precisamos encontrar uma forma coerente e justa para que essas incoerências não penalizem a quem nada tem com isso,apenas tentando utilizar seu instrumento de trabalho e criação .A utilização de novos materiais e tecnologia deve ser incentivada como,eu mesmo, já utilizo.Estou a disposição de vocês para ajudar no que for preciso.Obrigado

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